Alto do Ventania – 22 de junho de 2017

Esta foi a segunda vez que fui ao Alto do Ventania, um pequeno platô que fica num bairro rural de Petrópolis, chamado Caxambu. Por conta da segurança, eu só vou sozinho para trilhas que conheço muito bem e, desta vez, fui com meu amigo Paulo Vitor, um grande conhecedor da região. Saímos por volta das 14h30 do Centro, pegando o ônibus Santa Isabel até o ponto final. O dia estava típico de inverno com algumas nuvens, sol e céu azul desde manhãzinha.

Iniciamos a caminhada passando por uma horta onde trabalhavam umas 3 pessoas que, pelo comportamento, já estavam acostumadas com visitantes da montanha. Na primeira vez que fui ao Caxambu de ônibus, observei que o motorista e cobrador conheciam praticamente todos os passageiros e, entre uma conversa e outra, deixavam os moradores onde queriam, fora dos típicos pontos oficiais. Isso me deu uma sensação muito boa de comunidade, na qual as pessoas se ajudam e são solidárias e gentis entre si.

Já no início da trilha em si, as nuvens que vinham do mar aumentaram em número e densidade, escurecendo o céu de inverno e aos poucos apagando o esplendor do poente que estava por vir.

Seguimos, a mata foi fechando junto com o céu e lentamente o vento úmido trouxe gotas crescentes que refrescavam e se misturavam ao suor oriundo de subir o terreno erodido. Mais à frente, numa das curvas de nível, paramos para um pequeno descanso, já debaixo de chuva leve. Continuar ou voltar? A dúvida veio junto com as poças e pequenas enxurradas de límpida água que invadiam o interior de minha bota. Como faltavam cerca de 20 minutos para o final da trilha, decidimos prosseguir. A chuva intermitente e a neblina espessa cobriram completamente a vista do que seria um lindo pôr do sol. Paramos no Alto do Ventania para comer e descansar um pouco. Sem esperança de que o tempo fosse abrir novamente para revelar as belezas da região, descemos a trilha para voltar a casa. O pernoite ficaria para outra ocasião.

O frio estava conosco.

Sem que percebêssemos, à medida que íamos descendo a trilha, a chuva ia secando, embora as nuvens continuassem carregadas, vindas da direção do mar. Paramos numa parte da trilha na qual dá pra ver grande parte do vale habitado do Caxambu. Tendo a noite caído, as luzes das casas e fazendas cintilavam através do fino nevoeiro que se movimentava em sua direção. Neste ponto, resolvemos fazer algumas fotos da cidade, pois estávamos debaixo de duas torres de alta tensão que rasgavam a paisagem vila adentro. Após alguns cansativos obturadores longos, consegui uma brecha de céu entre as nuvens em composição com as ditas torres. Esta imagem me mostra como violentamos a paisagem em nome do nosso conforto. Afinal, o ângulo baixo da câmera torna as torres ainda mais opressoras, como robôs gigantes de uma ficção apocalíptica que cai sobre nós. Por outro lado, a via láctea se mistura à neblina, e o preto e branco a transforma em simples fumaça que intoxica. As estrelas são poeiras ásperas e elétricas que entram em nossos olhos e nos fazem chorar.

O tempo começou a limpar e decidimos voltar ao cume quando já tínhamos descido boa parte da trilha. Subimos tudo outra vez, agora com a ajuda das lanternas e o peso extra das roupas e botas molhadas.
Chegamos, estendemos uma lona que o Paulo levou para o bivaque, comemos novamente e nos preparamos para o descanso. O céu se mostrava timidamente por entre as rajadas de nuvens que seguiam do mar à cidade. Contei uma, duas, três estrelas cadentes antes de dormir.

Acordei antes do dia começar e fui me preparar para o espetáculo da alvorada. A intermitência da neblina fazia a minha esperança de conseguir uma boa fotooscilar. Por fim, o sol me deu a chance de fotografar por alguns minutos antes de se deixar engolir pelas nuvens vorazes que nos encobriram.







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